KHAOTIK

KHAOTIK (2ª edição) – Review

No passado dia 30 tive o prazer de mais uma vez estar presente num evento promovido pela Hard Dance Portugal, um dos mais antigos promotores de Hard Dance do país, e o primeiro a focar-se no Hardstyle. Eis como foi o evento, visto da minha perspectiva…

Preâmbulo

Dado nunca ter falado da organização aqui no meu blog (nem noutra qualquer review, em boa verdade), aproveito este parágrafo inicial para deixar algumas palavras de apreço ao mentor da Hard Dance Portugal, o Tiago. Ele tem conduzido este projeto de forma incansável e contra algumas marés tem levado este projecto avante. Infelizmente, tendemos a tomar o Tiago e a HDP como garantidos, o que não poderia estar mais longe da verdade. Muitos de nós, na comunidade, não temos noção do esforço pessoal, profissional e financeiro que ele dedicou para tornar estes eventos realidade (eu próprio não fazia até há bem pouco tempo, e não sei de toda a história). Talvez um dia eu ou alguém se possa sentar com o Tiago para falar um pouco desta viagem e dos seus sacrifícios.

Uma palavra também de apreço a quem o tem ajudado nesta viagem, nomeadamente o Paulo, com as suas fantásticas fotos, e o Bruno ‘Batato’ que tem um dom ímpar no que toca a vídeo (e também ao João ‘Nazza’ que muitas vezes o ajuda quando o Bruno está ocupado na cabine), sendo eles peças fundamentais na comunicação da HDP através de todo conteúdo que produzem. Acrescento também uma palavra de apreço aos artistas nacionais que foram tocando nestes eventos, muitas vezes oferecendo-se para faze-lo gratuitamente, mesmo tendo de pagar viagens e por vezes até estadias do seu próprio bolso.

A festa!

Com estes agradecimentos de parte, passemos ao evento em si!

Houve um ligeiro atraso na abertura de portas que cortou uns minutos do set do Louis por motivos alheios à organização, relacionados com um atraso na segurança. Apesar disso, mal a segurança chegou, as entradas foram-se fazendo tranquilamente, sendo os visitantes conduzidos escadaria acima até à sala do Best Space. A sala é bastante acolhedora e peca apenas por não ter bengaleiro. Sendo o ambiente das nossas festas sempre extremamente seguro, deixar um casaco ou um hoodie nos corrimões das cabines nas laterais do espaço é perfeitamente exequível. O som nesta sala é bastante bom para padrões portugueses! O bass não é excessivo, mas falta alguma definição nas frequências altas. Apesar disso, este espaço destaca-se como um dos melhores onde a nossa comunidade já esteve.

Apesar de não ter podido assistir ao set do Louis na íntegra (mais sobre isso a seguir), o que vi deixou-me novamente impressionado com o artista. O Luís goza de um excelente momento como artista, tendo acabado de lançar duas faixas na divisão ‘copyright free’ da Dirty Workz, e considero que os sets deles têm vindo a ser cada vez mais diversos e mais alinhados com as expectativas do nosso publico. O Louis toma o máximo partido da evolução do nosso género favorito, que está numa altura onde as linhas que dividem o ‘euphoric’ e o ‘raw’ são por vezes um pouco ténues, e escolhe faixas que agradam todo o tipo de ouvintes. Isto tudo é intercalado com faixas próprias, e sei até que ele passou uma faixa nova que tenho a firme certeza que irá ser a próxima dele a sair na Dirty Workz…

Misturando o melódico com o agressivo, o Louis torna evidente que a nossa scene pode evoluir sem perder as suas raízes, e que é possível fazer um set que agrade a gregos e a troianos. Este artista necessita apenas a comunidade confie na sensibilidade dele e venha ver a nova forma como ele conduz as suas actuações…

Como disse, não pude assistir ao set do Louis na sua totalidade porque a organização me concedeu alguns minutos com os artistas internacionais da noite para uma entrevista! O que era para ser uma conversa breve transformou-se em quase uma hora de insights fascinantes, que em breve partilharei (quando resolver um problema nos vídeos gravados… o bass vindo da pista era tanto que eles ficaram tremidos!)

Quando voltei à pista, o Kaiser-T estava a meio do b2b com o BTTZ, num set completamente freestyle onde “tudo vale”. Acho que foi um risco da organização colocar um set tão fora da caixa, quer na edição de Lisboa, quer no Porto, pois o nosso publico não está habituado a sets assim, mas acho que a recepção do mesmo foi muito boa. Pessoalmente adoro este tipo de sets que fogem à rotina porque pura e simplesmente não são comuns e permitem-nos ver o quão versáteis alguns artistas são… e os nossos portugueses são muito versáteis! Ter sets assim nos nossos eventos mantém a coisa interessante, pois nesse time slot ninguém sabe o que esperar, e acho importante surpreender o público e dar-lhe a conhecer coisas que ele próprio nem sabia que queria ouvir… Essa é a essência de ser DJ e com este b2b os dois artistas foram a personificação disto mesmo.

Seguiram-se três horas intensas, começando com o Nightcraft a solo. O artista começou logo com a Rising Up, colaboração com Polish Punisher, o novo alias do Regain, faixa esta que para mim merece top 10 este ano na votação da Q-dance! Seguiu-se um set maioritariamente composto pelo repertório do próprio artista, que já é deveras invejável, e que equilibra de forma perfeita o pesado e o melódico, numa sonoridade que os mais antigos dirão que é Hardstyle “a sério”…

A dada altura o Level One salta para o palco e, figurativamente falando, as pens USB dão lugar a discos… segue-se um b2b de ‘raw classics’ entre os dois artistas! Uma enorme surpresa, com clássicos do lado mais extremo do Hardstyle, com faixas de artistas como Frequencerz, Gunz for Hire, Digital Punk, Adaro e E-Force. Êxtase total de quem cresceu com este lado do Hardstyle, tal como eu próprio e também o Tiago da HDP!

A dada altura o Nightcraft desce de palco e o set prossegue num registo mais moderno e bem agressivo, com Level One a mostrar-nos a mestria que esta nova geração de produtores tem, com o próprio à cabeça deste novo movimento dentro do ‘raw’. O set dele foi composto também em boa parte por produções do próprio, directamente do álbum de estreia dele, e também de outros lançamentos recentes dentro do ‘raw’.

A festa terminou com mais um homem da casa, o DJ NF, que se tem vindo a provar um activo indispensável da comunidade, e neste evento ele solidificou o seu estatuto como um excelente DJ de Hardcore. Levou um trabalho de casa extremamente bem feito para a cabine, onde fez um set energético, variado, e com muitas faixas surpreendentes, nomeadamente vários edits Hardcore de classicos de Hardstyle, tudo misturado sem falhas! Dos gated kicks aos serrotes, não faltou nada neste set…

Posto isto, gostaria de falar um pouco do evento em Lisboa, ao qual infelizmente não fui, apesar de ter bilhete. Adquiri ingresso antes mesmo de sair o lineup, porém no fim concluí que infelizmente não se justificava a deslocação para aproveitar apenas 3 horas de evento. No entanto tenho conhecimento que em Lisboa o som foi montado pela organização, o que certamente contribuiu MUITO para tornar a edição de Lisboa fenomenal. A destacar também o facto da organização ter estreado um sistema de projecções holográficas baseado num sistema similar usado pelo Eric Prydz nas suas actuações… Julgando pelas redes sociais, foi impressionante, portanto imagino o impacto que teve ao vivo! Pontos bónus para a organização na inovação.

Qual será o próximo capítulo na história da Hard Dance Portugal? Fica a duvida no ar… Qualquer que seja, irei ter muito gosto em fazer parte!